(PUC/PR - 2018)
Considere o texto a seguir.
Encontrando Bolaño
O chileno Roberto Bolaño escreveu muito desde os seus 17 anos e só foi publicado pela primeira vez aos 43 anos – e faleceu aos 50. Nada mais natural, portanto, que aos poucos estejam sendo reveladas obras que, por algum motivo, não chegaram ao conhecimento do público antes. O espírito da ficção científica é um desses casos. Falecido em 2003, o autor terminou esse livro em 1984 – embora tenha declarado para amigos nos anos seguintes como a obra o torturava e como ele sentia faltar algo para ajustá-la, concluí-la de fato –, antes daqueles que o consagrariam, como Os detetives selvagens e 2666, por exemplo. Justamente por isso, o leitor perceberá elementos e obsessões de Bolaño que marcaram os títulos posteriores. A história, ambientada na Cidade do México dos anos 1970, apresenta Jan Schrella e Remo Morán, que dividem moradia. Enquanto o primeiro é um jovem recluso, imerso nos livros de ficção científica e dedicado a escrever cartas delirantes aos autores do gênero, o segundo é um poeta que almeja se inserir no mercado literário – e por isso mesmo um dos primeiros alter egos de Bolaño.
Revista da Cultura, ed. 110, março/17, p. 18.
Diferentes pronomes podem ser empregados com a finalidade de acompanhar, retomar ou substituir substantivos em um texto. Na apresentação sintética da vida e obra de Roberto Bolaño, os pronomes estão presentes de diferentes maneiras, destacando-se CORRETAMENTE
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(Puccamp 2018)
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao que segue, trecho adaptado de matéria publicada na revista da cultura, editada pela Livraria Cultura (edição 113, junho de 2017).
São as contradições e as fragilidades do ser humano que muito interessam à dramaturga já premiada Silvia Gomez. É assim desde o início de sua trajetória no teatro, na mineira Belo Horizonte, sua terra natal, e de onde saiu, em 2001, para residir em São Paulo.
Agora, a partir deste mês de junho, nossos conflitos voltam ao tablado em São Paulo, em mais um texto da dramaturga. A célebre artista Selma Egrei, com mais de quatro décadas
de trajetória na arte da interpretação, empresta sua grande sensibilidade à construção de uma importante personagem da peça, chamada NC.
É com Silvia Gomez e Selma Egrei esta conversa a seguir.
Silvia, o que é ser dramaturga?
Para mim, ser dramaturga tem muito a ver com exercitar a empatia e a alteridade, coisas que a gente precisa muito no mundo de hoje. É essa coisa de também estar no lugar do outro, se colocar dentro da pele, vestir o casaco do outro, virá-lo do avesso e expor as entranhas. É ouvir o que aquele outro diz e o que tem a ver com o mundo de hoje. Para mim, ser dramaturga está ligado também com o ser cronista de nosso tempo. Eu queria muito olhar para as coisas que incomodam e falar delas. Não queria usar o teatro como um lugar apenas para a recreação. Sempre encarei o teatro como o lugar de encontro das pessoas e de estarmos juntos para falar de coisas profundas e olhar de verdade o mundo que está a nosso redor.
E ser atriz, Selma, o que é?
O que é mais forte para mim no ser atriz é poder ser um veículo para colocar, discutir e amenizar as dores do mundo. Acho que, através da figura do ator, você se vê representado ali, sabe que não está só no mundo com seus sofrimentos e angústias, e percebe que isso pode ser vivenciado de forma mais grupal, o que, de alguma forma, dá mais alento às pessoas. Então, vejo meu trabalho por aí. E claro que tem também o lado de poder me expressar, me sentir viva, manifestar minhas dores e minhas angústias.
Obs.: empatia = processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e tenta compreender o comportamento do outro.
alteridade = natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.
É comentário correto sobre o que se tem no texto:
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao trecho inicial do conto “A aranha”, do escritor e jornalista paulista Orígenes Lessa (1903-1986).
− Quer assunto para um conto? – perguntou o Eneias, cercando-me no corredor.
Sorri.
− Não, obrigado.
− Mas é assunto ótimo, verdadeiro, vivido, acontecido, interessantíssimo!
− Não, não é preciso... Fica para outra vez...
− Você está com pressa?
− Muita!
− Bem, de outra vez será. 1Dá um conto estupendo. E com esta vantagem: aconteceu... É só florear um pouco.
2− Está bem...Então...até logo...Tenho que apanhar o elevador...
3Quando me despedia, surge um terceiro. Prendendo-me à prosa. Desmoralizando-me a pressa.
− Então, que há de novo?
− Estávamos batendo papo... Eu estava cedendo, de graça, um assunto notável para um conto. Tão bom, que até comecei a esboçá-lo, 4há tempos. Mas conto não é gênero meu − continuou o Eneias, os olhos azuis transbordando de generosidade.
5− Sobre o quê? − perguntou o outro.
Eu estava frio. Não havia remédio. Tinha que ouvir, mais uma vez, o assunto.
− Um caso passado. Conheceu o Melo, que foi dono de uma grande torrefação aqui em São Paulo, e tinha uma ou várias fazendas pelo interior?
Pergunta dirigida a mim. Era mais fácil concordar.
(In: Omelete em Bombaim, 1946. Disponível em: www.academia.org.br)
É correto afirmar:
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Transferência de Neymar ao PSG é golpe de ‘soft power’ do Catar a países do Golfo, dizem especialistas
A transferência do fenômeno brasileiro Neymar ao Paris Saint-Germain (PSG) representa uma estratégia de marketing e um golpe de ‘soft power’ do Catar contra os países do Golfo que cortaram relações diplomáticas com o emirado. Esta é a análise de especialistas ouvidos pela agência de notícias France Presse e do comentarista da GloboNews, Marcelo Lins.
Neymar se tornou o jogador mais caro da história do futebol, com o pagamento da cláusula de rescisão no valor de € 222 milhões (R$ 812 milhões).
Segundo Mathieu Guidere, especialista em geopolítica do mundo árabe consultado pela AFP, o anúncio da transferência do jogador ao PSG, que é de um fundo de investimentos do Catar, “foi testado entre catarianos como uma espécie de estratégia de comunicação que ofuscaria o debate em torno de outras considerações, como o terrorismo”.
Marcelo Lins, comentarista da GloboNews, afirmou que a transferência beneficia a imagem do Catar. “Um pequeno país riquíssimo em petróleo, do Golfo, que bota tanto dinheiro para dar alegria a uma torcida, ou a milhões de torcedores espalhados pelo mundo... você tem uma volta disso na imagem do Catar, que é muito grande”, disse à GloboNews. “É uma grande jogada de marketing do Catar como um todo”, acrescentou.
O Catar enfrenta a sua pior crise política em décadas, com a Arábia Saudita e outros países do Golfo tendo cortado relações diplomáticas com o emirado por acusações de apoio a grupos terroristas. O Catar nega as acusações e diz que o objetivo é prejudicar o emirado rico em gás.
Com a transferência de Neymar, Doha pode estar de olho em investir em ‘soft power’. O conceito de ‘7soft power’ (8‘poder suave’, em tradução livre) foi elaborado para definir a influência de países nas relações internacionais por meio de investimentos em ações positivas.
“Esse é um golpe de ‘soft power’. O Catar precisa demonstrar ao mundo que, apesar de todas as acusações, é o país mais resiliente no Oriente Médio”, disse à AFP Andreas Krieg, analista de risco político no King’s College de Londres. “Ter o melhor jogador do mundo mostra ao resto do mundo que se o Catar é determinado, eles ainda têm os maiores recursos para tirar e, se necessário, usar o dinheiro que têm para promover a sua agenda”, acrescentou.
O custo da transferência de Neymar “envia um sinal muito forte para o mundo esportivo e um sinal muito forte de desafio contra os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita”, disse Krieg. “Eles queriam esse jogador e usaram o dinheiro para comprá-lo a qualquer preço”. [...]
https://g1.globo.com/mundo/noticia/transferenciade-neymar-ao-psg-e-golpe-de-soft-power-docatar-a-paises-do-golfo-dizem-especialistas.ghtml
Sobre o uso de expressões apositivas no texto, é INCORRETO afirmar que
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Se f(x) = ax2 + bx + c é tal que f(2) = 8, f(3) = 15 e f(4) = 26, então a + b + c é igual a
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(UNIFESP - 2018)
Talvez o aspecto mais evidente da novidade retórica e formal na composição dessa obra seja justamente a metalinguagem ou a autorreflexividade da narrativa, quer dizer, o narrador “explica” constantemente para o leitor o andamento e o modo pelo qual vai contando suas histórias. Essa autorreflexividade tem um importante efeito de quebra da ilusão realista, pois lembra sempre o leitor de que ele está lendo um livro e que este, embora narre a respeito da vida de personagens, é apenas um livro, ou seja, um artifício, um artefato inventado.
Pode-se dizer também que a reflexão do narrador, além de revelar a poética que preside a composição de sua narrativa, revela também a exigência dessa poética de contar com um novo tipo de leitor: o narrador como que pretende um leitor participante, ativo e não passivo.
(Valentim Facioli. Um defunto estrambótico, 2008. Adaptado.)
Tal comentário aplica-se à obra
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(UFRGS - 2018)
Leia o trecho da crônica O vestuário feminino, de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934).
É uma esquisitice muito comum entre senhoras intelectuais, envergarem paletó, colete e colarinho de homem, ao apresentarem-se em público, procurando confundir-se, no aspecto físico, com os homens, como se lhes não bastassem as aproximações igualitárias do espírito.
Esse desdém da mulher pela mulher faz pensar que: ou as doutoras julgam, como os homens, que a mentalidade da mulher é inferior, e que, sendo elas exceção da grande regra, pertencem mais ao sexo forte, do que do nosso, fragílimo; ou que isso revela apenas pretensão de despretensão.
Seja o que for, nem a moral nem a estética ganham nada com isso. Ao contrário; se uma mulher triunfa da má vontade dos homens e das leis, dos preconceitos do meio e da raça, todas as vezes que for chamada ao seu posto de trabalho, com tanta dor, tanta esperança, e tanto susto adquirido, deve ufanar-se em apresentar-se como mulher. Seria isso um desafio?
Não; naturalíssimo pareceria a toda a gente que uma mulher se apresentasse em público como todas as outras. [...]
Os colarinhos engomados, as camisas de peito chato, dão às mulheres uma linha pouco sinuosa, e contrafeita, porque é disfarçada. [...]
Nas cidades, sobre o asfalto das ruas ou o saibro das alamedas, não sabe a gente verdadeiramente para que razão apelar, quando vê, cingidas a corpos femininos, essas toilettes híbridas, compostas de saias de mulher, coletes e paletós de homem... Nem tampouco é fácil de perceber o motivo por que, em vez da fita macia, preferem essas senhoras especar o pescoço num colarinho lustrado a ferro, e duro como um papelão!
Considere as seguintes afirmações sobre o trecho.
I. A crônica, publicada em 1906, registra as exigências que uma sociedade patriarcal impõe a mulheres que circulam no âmbito público.
II. A crônica apresenta um chamado para que mulheres de atuação pública – espaço majoritariamente masculino – mantenham características convencionadas como femininas, em especial no vestuário.
III. A autora, ao falar do vestuário feminino, está tratando também de meio, raça e gênero, temas estruturantes do debate literário no final do século XIX, início do XX.
Quais estão corretas?
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(Ufrgs 2018) Leia o trecho final de O cortiço.
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcança-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até ao canto mais escuro do armazém, tapando o rosto com as mãos.
Nesse momento parava à porta da rua uma carruagem. Era uma comissão de abolicionistas que vinha, de casaca, trazer-lhe respeitosamente o diploma de sócio benemérito.
Ele mandou que os conduzissem para a sala de visitas.
Considere as seguintes afirmações sobre o trecho.
I. O narrador em terceira pessoa aproxima-se de Bertoleza, assumindo seu ponto de vista para desmascarar o falso abolicionismo de João Romão; ao mesmo tempo, mantém-se distante dela ao descrevê-la com traços animalescos.
II. A morte terrível de Bertoleza destoa do andamento geral do romance, marcado pelo lirismo da narração, característica naturalista presente no texto de Aluísio Azevedo.
III. A última frase do trecho sugere que João Romão receberá a comissão a despeito do fim de Bertoleza, em uma alegoria do Brasil: abolicionista na sala de visitas, escravocrata na cozinha.
Quais estão corretas?
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(UNIFESP - 2018)
Nesta obra, eu quis estudar temperamentos e não caracteres. Escolhi personagens soberanamente dominadas pelos nervos e pelo sangue, desprovidas de livre-arbítrio, arrastadas a cada ato de suas vidas pelas fatalidades da própria carne. Começa-se a compreender que o meu objetivo foi acima de tudo um objetivo científico.
(Émile Zola apud Alfredo Bosi. História concisa da literatura brasileira, 1994. Adaptado.)
Depreendem-se dessas considerações do escritor francês Émile Zola, a respeito de uma de suas obras, preceitos que orientam a corrente literária