(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Considere o seguinte texto:
Química da Vida no tubo de ensaio
Ao simular as condições dos oceanos da Terra primitiva, um grupo de cientistas testemunhou o surgimento espontâneo de reações químicas complexas que até então eram consideradas província exclusiva do metabolismo de seres vivos. O suspense tomou conta do laboratório durante as cinco horas em que as amostras permaneceram aquecidas a cerca de 70 °C. E aí, finalmente, a recompensa: os cientistas descobriram que o ferro ajudava a “empurrar” as reações químicas adiante, em rotas extremamente parecidas com as seguidas pelos metabolismos dos seres vivos modernos. Mas sem as enzimas para tocar o negócio! Entre as 29 reações metabólicas observadas, uma se destacou: a que produziu ribose-5-fosfato.
(Disponível em: <http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/>. Adaptado.)
Ribose-5-fosfato é um metabólito intermediário que participa da conversão esquematizada abaixo:
K é a constante de equilíbrio e k1 e k2 as constantes cinéticas das reações 1 (sentido direto) e 2 (reverso).
a) Explique o que o autor quer dizer com “‘empurrar’ as reações químicas” em termos da energia de ativação da reação.
b) Comparando a conversão na presença e na ausência de ferro, o que se altera nas constantes k1 e k2?
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A reação entre hidrogênio e bromo é uma importante reação para se obter brometo de hidrogênio, reagente largamente utilizado para formar compostos orgânicos e inorgânicos bromados. Para se obter a lei de velocidade dessa reação pelo método da velocidade inicial (v0), foi construído o gráfico mostrado abaixo. Nesse método, , em que k é a constante de velocidade; e são as concentrações iniciais de e ; e m e n são as ordens da reação em relação a e , respectivamente.
Com os dados mostrados no gráfico:
a) Determine a ordem da reação (n) em relação a
b) Considerando a ordem da reação obtida, determine se ela ocorre em uma única etapa ou em mais etapas, justificando a resposta.
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A fluoxetina (estrutura mostrada) é um dos fármacos mais prescritos para o tratamento da depressão, atuando na inibição da recaptura de serotonina. A presença de um grupamento amino possibilita a conversão da fluoxetina em cloridrato de fluoxetina, um sal quaternário de amônio, mediante reação com ácido clorídrico.
a) Desenhe a fórmula estrutural em bastão do cloridrato de fluoxetina.
b) Qual composto é mais solúvel em água: a fluoxetina ou o cloridrato de fluoxetina? Justifique.
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Boaventura de Souza Santos, sociólogo contemporâneo, afirma, sobre as novas formas de participação social, que, apesar de mutuamente constituídos, capitalismo e colonialismo não se confundem. “O capitalismo pode desenvolver-se sem o colonialismo, enquanto relação política, como se verificou historicamente, mas não o pode fazer sem o colonialismo enquanto relação social, que podemos designar por colonialidade do poder e do saber. O conjunto de trocas extremamente desiguais assenta-se na privação da humanidade da parte mais fraca, como condição para a sobre-explorar ou para a excluir como descartável. O capitalismo, enquanto formação social, não tem de sobre-explorar todos os trabalhadores e por definição não pode excluir e descartar todas as populações, mas, por outro lado, não pode existir sem populações sobre-exploradas e sem populações descartáveis”. Também afirma: “Entendo por pós-colonialismo um conjunto de correntes teóricas e analíticas, com forte implantação nos estudos culturais, mas hoje presentes em todas as ciências sociais, que têm em comum darem primazia teórica e política às relações desiguais entre o Norte e o Sul na explicação ou na compreensão do mundo contemporâneo. Tais relações foram constituídas historicamente pelo colonialismo, e o fim do colonialismo enquanto relação política não acarretou o fim do colonialismo enquanto relação social, enquanto mentalidade e forma de sociabilidade autoritária e discriminatória. Para esta corrente, é problemático saber até que ponto vivemos em sociedades pós-coloniais”.
Com base na definição de pós-colonialismo apresentada por Boaventura de Souza Santos, discorra sobre as relações atuais entre capitalismo e colonialismo
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Observe o conteúdo do depoimento de uma menina trabalhadora na época da industrialização inglesa:
Sou encarregada de abrir e fechar as portas de ventilação na mina de Gauber, tenho de fazer isso sem luz e estou assustada. Entro às quatro, e às vezes às três e meia da manhã, e saio às cinco e meia. Nunca durmo. Às vezes canto quando tenho luz, mas não no escuro: não ouso cantar”. Essa é a descrição feita por uma menina de oito anos, Sarah Gooder, de um dia nas minas, em meados do século XIX. As revelações de Sarah e de outras crianças levaram finalmente a uma legislação proibindo o emprego de crianças nas minas – quer dizer, crianças abaixo de dez anos de idade!
(Retirado do texto de POSTMAN, Neil. O desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999, p. 67.)
Discorra sobre dois elementos a partir dos quais pode-se dizer que a sociologia, por um lado, “é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista” (MARTINS, 1994, p. 8), e de outro lado, que “suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização” (ibidem).
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Aponte três características do nascimento da sociologia, que ocorre no contexto dos derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista, e explique porque a sociologia é considerada uma ciência das sociedades que emergiram na esteira das revoluções industrial e intelectual.
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Segundo Raymond Aron, o fato novo que chama a atenção de todos os observadores da sociedade no princípio do século XIX é a indústria. Todos consideram que algo de original está acontecendo em relação ao passado. Principais traços desse momento: a indústria se baseia na organização científica do trabalho. Em vez de se organizar segundo o costume, a produção é ordenada com vistas ao rendimento máximo. Graças à aplicação da ciência à organização do trabalho, a humanidade desenvolve seus recursos. A produção industrial leva à concentração dos trabalhadores nas fábricas e nas periferias das cidades; surge um novo fenômeno social: as massas operárias. Essas concentrações de trabalhadores nos locais de trabalho determinam uma oposição, latente ou aberta, entre empregados e empregadores, entre proletários de um lado e empresários ou capitalistas do outro. Enquanto a riqueza, graças ao caráter científico do trabalho, não para de aumentar, multiplicam-se crises de superprodução, que têm por consequência criar a pobreza no meio da abundância. Enquanto milhões de indivíduos sofrem as carências da pobreza, mercadorias deixam de ser vendidas, para escândalo do espírito. O sistema econômico, associado à organização industrial e científica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas e pela busca do lucro por parte dos empresários e comerciantes. Alguns teóricos concluem daí que a condição essencial do desenvolvimento da riqueza é, precisamente, a busca do lucro e a concorrência, e que quanto menos o Estado intervier na economia, mais rapidamente aumentará a produção e a riqueza.
(ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1999.)
Caracterize o novo fenômeno social descrito por Aron em relação à industrialização e a organização científica do trabalho no século XIX.
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Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender essa dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Esse é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 52.)
Explique com exemplos do próprio livro indicado na bibliografia, a formulação do autor sobre os tipos de mudanças culturais internas e externas em um sistema cultural.
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Emile Durkheim, um dos clássicos da sociologia, afirma:
É preciso, então, que o sociólogo, no momento em que determina o objeto de suas pesquisas ou no decorrer de suas demonstrações, proíba resolutamente a si próprio o emprego de conceitos formados exteriormente à ciência e para fins que nada têm de científico. É preciso que se liberte destas falsas evidências que dominam o espírito vulgo, que sacuda de uma vez por todas o jugo de categorias empíricas que hábitos muito arraigados acabam por tornar tirânicas, muitas vezes. Ou pelo menos, se por acaso a necessidade o obrigar a recorrer a elas, que o faça tendo consciência de seu pouco valor, a fim de não lhes outorgar, na doutrina, o desempenho de um papel de que não são dignas.
(DURKHEIM, 1978, p. 28) DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico, 1978; RODRIGUES, José Albertino; FERNANDES, Florestan. Durkheim. São Paulo: Ática, 1988.
Considerando as afirmações do texto acima, comente pelo menos 3 posições que o sociólogo deve considerar ao determinar o objeto de suas pesquisas.
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Para o sociólogo Erving Goffman (1975, p.14), “podem-se mencionar três tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, há as abominações do corpo – as várias deformidades físicas. Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como vontade fraca, paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical. Finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma família. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas características sociológicas: um indivíduo que poderia ter sido facilmente recebido na relação social quotidiana possui um traço que pode-se impor à atenção e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. [...] Assim deixamos de considerá-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuída. Tal característica é estigma, especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito grande [...]”. “Construímos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenças, tais como as de classe social. Utilizamos termos específicos de estigma, como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso diário como fonte de metáfora e representação, de maneira característica, sem pensar no seu significado original. Tendemos a inferir uma série de imperfeições a partir da imperfeição original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejáveis mas não desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como 'sexto sentido’ ou ‘percepção’: “Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficiência de visão sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivíduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta erguê-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que estão diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenças ligadas ao estereótipo. Por exemplo, podem pensar que estão sujeitos a um tipo único de avaliação, supondo que o indivíduo cego recorre a canais específicos de informação não disponíveis para os outros”. Além disso, podemos perceber a sua resposta defensiva a tal situação como uma expressão direta de seu defeito e, então, considerar os dois, defeito e resposta, apenas como retribuição de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos apenas como retribuição de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos.”
(GOFFMAN, 1975, p. 16). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 12-16.
Com base na classificação de Erving Goffman, mencione e analise duas situações cotidianas presentes nas relações sociais que caracterizam processos de estigmatização.
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