FUVEST 2015

Questão 53623

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

O século XX testemunhou uma exploração dos recursos naturais mundiais sem precedentes, o que repercutiu sobre a deterioração física dos grandes componentes da biosfera, representando uma ameaça à existência e à perpetuação das diferentes formas de vida no planeta. Não apenas o número e o escopo dos problemas ambientais “transfronteiras” cresceram, mas uma nova categoria de questões ambientais globais emergiu.

(ALBAGLI, Sarita. Geopolítica da Biodiversidade, Edições IBAMA, 1998.)

Defina o que são problemas ambientais transfronteiriços, citando exemplo(s), e argumente por que o(s) exemplo(s) citado(s) é/são assim considerado(s).

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Questão 53624

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

“É necessário que os compiladores de mapas considerem como os seus mapas serão lidos. Eles se defrontam com um dilema: como apresentar informações complexas e talvez polêmicas e sua interpretação numa forma visual que é simples e facilmente compreendida?”

(Adaptado de BLACK, Jeremy. Mapas e História. EDUSC: SP, 1997.)

Explique o que são mapas e justifique o porquê do dilema apresentado no texto

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Questão 53625

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Data deste século [séc. XX] a preocupação com a conservação e a preservação de espaços territoriais [no Brasil], visando a proteger a cobertura vegetal, as nascentes e corpos de água, os aspectos cênicos, as espécies animais e vegetais raras e/ou ameaçadas de extinção [...].

(IBGE, Recursos Naturais e Meio Ambiente – Uma visão do Brasil, 1993, p. 17.)

Explique o que têm feito o Estado e a Sociedade brasileira para a preservação e conservação dos espaços territoriais, conforme citado acima.

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Questão 53629

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Leia o texto abaixo:

Tão logo uma questão existencialmente relevante vá para a agenda política, os cidadãos – tanto crentes como não crentes – entram em colisão com suas convicções impregnadas de visões de mundo e, à medida que trabalham as agudas dissonâncias desse conflito público de opiniões, têm a experiência do fato chocante do pluralismo das visões de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na consciência de sua própria falibilidade – sem rasgar, portanto, o laço de uma comunidade política –, eles reconhecem o que significam, em uma sociedade pós-secular, as condições seculares da tomada de decisões, estabelecidas pela Constituição. No conflito entre as pretensões do saber e as pretensões da fé, o Estado, sendo neutro no que diz respeito às visões de mundo, não tem qualquer predisposição a tomar decisões políticas em favor desta ou daquela parte. A razão pluralizada do público constituído pelos cidadãos do Estado só segue uma dinâmica de secularização na medida em que força, no resultado, a um distanciamento igual em relação às tradições fortes e aos conteúdos impregnados de visões de mundo. Sem renunciar à sua autonomia, ela permanece aberta, como que osmoticamente, para a possibilidade de aprender com ambas as partes do conflito.

(HABERMAS, Jürgen. Fé e saber. Editora São Paulo: Unesp, 2013.)

Segundo Habermas, os ataques terroristas de 11 de setembro fizeram “vibrar uma corda religiosa no mais íntimo da sociedade secular” e apresentaram o desafio de se pensar e de se construir uma sociedade pós-secular. Quais as principais prerrogativas para se consolidar tal sociedade?

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Questão 53632

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Normalmente o cientista é um solucionador de quebra-cabeças como um jogador de xadrez, e a adesão induzida pela educação é o que lhe dá as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausência delas, ele não seria um físico, um químico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma não podem então ser postas em questão, uma vez que sem essas regras não haveria quebra-cabeças para resolver. Não há, portanto, dúvidas de que os problemas (ou quebra-cabeças), pelos quais o praticante da ciência madura normalmente se interessa, pressupõem a adesão profunda a um paradigma. E é uma sorte que essa adesão não seja abandonada com facilidade. A experiência mostra que, em quase todos os casos, os esforços repetidos, quer do indivíduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do âmbito do paradigma, uma solução mesmo para os problemas mais difíceis. Esta é uma das maneiras pela qual avança (p. 49-50). [...] Porém, essa imagem da investigação científica como resolução de quebra-cabeças ou ajustamento de paradigmas deve estar, em última análise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista não se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequência têm surgido da prática continuada da investigação. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alteração de regras é intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro está, mais aparente em inovações teóricas de grande importância, como as associadas aos nomes de Copérnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue é que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeças tivesse sempre êxito, o desenvolvimento da ciência não poderia conduzir a qualquer tipo de inovação fundamental (p. 51).

(KUHN, Thomas. “A função do dogma na investigação científica”. Disponível em: .)

De acordo com Thomas Kuhn, a atividade típica do cientista em períodos de ciência madura assemelha-se à resolução de enigmas ou de quebra-cabeças. As imagens abaixo são exemplos de jogos como esses:

Quais são as semelhanças entre os jogos de quebra-cabeças (ou os enigmas) e a atividade do cientista em períodos de ciência madura/normal?

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Questão 53633

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Normalmente o cientista é um solucionador de quebra-cabeças como um jogador de xadrez, e a adesão induzida pela educação é o que lhe dá as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausência delas, ele não seria um físico, um químico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma não podem então ser postas em questão, uma vez que sem essas regras não haveria quebra-cabeças para resolver. Não há, portanto, dúvidas de que os problemas (ou quebra-cabeças), pelos quais o praticante da ciência madura normalmente se interessa, pressupõem a adesão profunda a um paradigma. E é uma sorte que essa adesão não seja abandonada com facilidade. A experiência mostra que, em quase todos os casos, os esforços repetidos, quer do indivíduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do âmbito do paradigma, uma solução mesmo para os problemas mais difíceis. Esta é uma das maneiras pela qual avança (p. 49-50). [...] Porém, essa imagem da investigação científica como resolução de quebra-cabeças ou ajustamento de paradigmas deve estar, em última análise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista não se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequência têm surgido da prática continuada da investigação. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alteração de regras é intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro está, mais aparente em inovações teóricas de grande importância, como as associadas aos nomes de Copérnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue é que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeças tivesse sempre êxito, o desenvolvimento da ciência não poderia conduzir a qualquer tipo de inovação fundamental (p. 51).

(KUHN, Thomas. “A função do dogma na investigação científica”. Disponível em: .)

Em uma de suas citações, Kuhn afirma que “as regras fornecidas pelo paradigma não podem então ser postas em questão, uma vez que sem essas regras não haveria quebra-cabeças para resolver”. Como Kuhn chama os episódios nos quais essas regras são postas em questão e substituídas por outras? O que caracteriza esses momentos?

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Questão 53634

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Normalmente o cientista é um solucionador de quebra-cabeças como um jogador de xadrez, e a adesão induzida pela educação é o que lhe dá as regras do jogo que se pratica no seu tempo. Na ausência delas, ele não seria um físico, um químico ou o que quer que fosse aquilo para que fosse preparado (p. 25). [...] As regras fornecidas pelo paradigma não podem então ser postas em questão, uma vez que sem essas regras não haveria quebra-cabeças para resolver. Não há, portanto, dúvidas de que os problemas (ou quebra-cabeças), pelos quais o praticante da ciência madura normalmente se interessa, pressupõem a adesão profunda a um paradigma. E é uma sorte que essa adesão não seja abandonada com facilidade. A experiência mostra que, em quase todos os casos, os esforços repetidos, quer do indivíduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do âmbito do paradigma, uma solução mesmo para os problemas mais difíceis. Esta é uma das maneiras pela qual avança (p. 49-50). [...] Porém, essa imagem da investigação científica como resolução de quebra-cabeças ou ajustamento de paradigmas deve estar, em última análise, bastante incompleta. [...] Embora o cientista não se esforce normalmente por inventar novos tipos de teorias fundamentais, tais teorias com frequência têm surgido da prática continuada da investigação. [...] Para ele trata-se de alterar as regras do jogo e qualquer alteração de regras é intrinsecamente subversiva. Esse elemento subversivo torna-se, claro está, mais aparente em inovações teóricas de grande importância, como as associadas aos nomes de Copérnico, Lavoisier ou Einstein. [...] O que se segue é que, se a atividade normal de solucionar quebra-cabeças tivesse sempre êxito, o desenvolvimento da ciência não poderia conduzir a qualquer tipo de inovação fundamental (p. 51).

(KUHN, Thomas. “A função do dogma na investigação científica”. Disponível em: .)

Em 08/12/2014, o jornal Gazeta do Povo anunciou, em uma de suas manchetes: “Espaçonave fará imagens da superfície de Plutão”. Nela, era afirmado que certo cientista acreditava que na superfície de Plutão poderiam ser encontradas crateras e montanhas, visto que, com o conhecimento que tinham, elas eram evidentes. Alguns meses depois, em 17/07/2015, uma nova manchete confirma a previsão: “Sonda envia imagens de montanhas em Plutão”. Vários jornais do mundo divulgaram os avanços das imagens obtidas do astro. Uma delas, publicada pelo jornal The Guardian, em 12/07/2015, mostra a evolução delas ao longo dos anos:

Do episódio tal como descrito acima, pode-se dizer que ele representa um desenvolvimento da ciência normal/madura ou uma revolução científica? Quais são as principais características desse período da ciência?

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Questão 53635

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Considere o texto a seguir:

A palavra ‘secularização’ teve, a princípio, o significado jurídico de uma transferência compulsória dos bens da Igreja para o poder público secular. Esse significado foi transmutado para o surgimento da modernidade cultural e social como um todo.

(HABERMAS, Jürgen. Fé e saber. Editora São Paulo: Unesp, 2013.)

Discorra sobre quatro das principais características do processo moderno de “secularização”

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Questão 53636

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Reconhecemos [...] uma uniformidade nas ações e motivações humanas de forma tão pronta e universal como o fazemos no caso da operação dos corpos (p. 379). Parece [...] não apenas que a conjunção entre motivos e ações voluntárias é tão regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas também que essa conjunção regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quão adequadamente se ligam as evidências natural e moral, formando uma única cadeia de argumentos, não hesitaremos em admitir que elas são da mesma natureza e derivam dos mesmos princípios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prevê com tanta certeza sua morte tanto a partir da constância e fidelidade de seus guardas quanto da operação do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequência de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ação do carrasco, a cabeça separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e ações voluntárias, mas a mente não sente nenhuma diferença entre elas ao passar de um elo para outro, nem está menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes à sua memória ou sentidos por uma sequência de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade física (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calçada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode tão bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrará intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocínios humanos contêm inferências de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporção à experiência que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causação é simplesmente a conjunção constante de objetos e a consequente inferência de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condições ocorrem nas ações voluntárias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade é comum a todas as causas (p. 387).

(Hume, David. “Da liberdade e necessidade. Uma investigação sobre o entendimento humano”, seção 8. In: Antologia de textos filosóficos. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2009.)

O que o autor entende nessa passagem por “evidência natural”? O que ele entende por “evidência moral”? O que, segundo ele, tais tipos de evidências têm em comum?

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Questão 53637

(UFPR - 2015 - 2ª FASE)

Reconhecemos [...] uma uniformidade nas ações e motivações humanas de forma tão pronta e universal como o fazemos no caso da operação dos corpos (p. 379). Parece [...] não apenas que a conjunção entre motivos e ações voluntárias é tão regular e uniforme como a que existe entre a causa e o efeito de qualquer parte da natureza, mas também que essa conjunção regular tem sido universalmente reconhecida pela humanidade [...] (p. 384). [...] Quando consideramos quão adequadamente se ligam as evidências natural e moral, formando uma única cadeia de argumentos, não hesitaremos em admitir que elas são da mesma natureza e derivam dos mesmos princípios. Um prisioneiro [...] quando levado ao cadafalso, prevê com tanta certeza sua morte tanto a partir da constância e fidelidade de seus guardas quanto da operação do machado ou da roda. Sua mente percorre uma certa sequência de ideias: a recusa dos soldados em consentir na sua fuga, a ação do carrasco, a cabeça separando-se do corpo, a hemorragia, os movimentos convulsivos e a morte. Eis aqui um encadeamento de causas naturais e ações voluntárias, mas a mente não sente nenhuma diferença entre elas ao passar de um elo para outro, nem está menos certa do futuro resultado do que estaria se ele se conectasse a objetos presentes à sua memória ou sentidos por uma sequência de causas cimentadas pelo que nos apraz chamar uma necessidade física (p. 385-6). [...] Um homem que ao meio-dia deixe sua bolsa recheada de ouro na calçada de Charing Cross [uma movimentada rua de Londres] pode tão bem esperar que ela voe longe como uma pena como que a encontrará intacta uma hora mais tarde. Mais da metade dos raciocínios humanos contêm inferências de natureza semelhante, acompanhadas de maiores ou menores graus de certeza, em proporção à experiência que temos da conduta costumeira dos homens (p. 386-7). [...] Logo que nos convencemos de que tudo o que sabemos acerca de qualquer tipo de causação é simplesmente a conjunção constante de objetos e a consequente inferência de um ao outro realizada pela mente, e descobrimos que todos admitem universalmente que essas duas condições ocorrem nas ações voluntárias, reconhecemos talvez mais facilmente que essa mesma necessidade é comum a todas as causas (p. 387).

(Hume, David. “Da liberdade e necessidade. Uma investigação sobre o entendimento humano”, seção 8. In: Antologia de textos filosóficos. Secretaria de Estado da Educação do Paraná, 2009.)

O que são, segundo Hume, raciocínios causais ou causação?

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