(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Considere a seguinte charge:
Segundo a mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Céfiso e da ninfa Liríope. Quando nasceu, o
adivinho Tirésias profetizou que ele teria uma vida longa se não visse a própria face. Depois de adulto, após uma caçada, ele se
debruçou numa fonte para beber água. Nessa posição, viu seu rosto refletido na água e se apaixonou pela própria imagem. Ali ficou,
imóvel na contemplação de seu rosto refletido, e assim morreu.
(Fonte: KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.)
A charge de Benett apropria-se do mito de Narciso para questionar um comportamento atual. Em um texto de 8 a 10 linhas:
- explicite qual é o comportamento criticado na charge e a relação que o autor estabelece entre essa tendência atual e o
mito grego;
- posicione-se em relação à crítica de Benett e justifique o ponto de vista defendido por você.
(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Considere o texto abaixo:
Complexo de vira-lata dos brasileiros
Adam Smith (estudante de Oxford)
Pouco depois de chegar a São Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violão. O atendente, notando meu sotaque,
perguntou de onde eu era. Quando respondi “de Londres”, veio um grande sorriso de aprovação. Devolvi a pergunta e ele respondeu:
“sou deste país sofrido aqui”.
Fiquei surpreso. Eu – como vários gringos que conheço que ficaram um tempo no Brasil – adoro o país pela cultura e pelo
povo, apesar dos problemas. E que país não tem problemas? O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros,
às vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustração e ódio da própria cultura foram coisas que senti bastante
e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que há problemas, mas será que não há também exagero (no sentido
apartidário da discussão)?
Tem uma expressão brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questão: complexo de vira-lata. A frase
tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mãos da seleção uruguaia no Maracanã, na final da Copa de 1950. Foi usada por
Nelson Rodrigues para descrever “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. E,
por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais “sofrido” deste país: a combinação do abandono
de tudo brasileiro, e veneração, principalmente, de tudo americano. É um processo que parece estrangular a identidade brasileira.
Sei que é complicado generalizar e que minha estada no Brasil não me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos
shoppings, clones dos “malls” dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frígido e lojas com nomes em inglês e
onde mesmo liquidação vira “sale”. Pode ser sentido na comida. Neste “país tropical” tão fértil e com tantos produtos maravilhosos,
é mais fácil achar hot dog e hambúrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na música americana que toca nos carros, lojas
e bares no berço do Samba e da Bossa Nova.
Pode ser visto também no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil é a mistura das raças.
Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (aliás, tenho orgulho de ser mulato e afro-
britânico), dá pena ver o esforço das brasileiras em criar uma aparência caucasiana.
O Brasil está passando por um período difícil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a solução ideal
seria ir embora, abandonar este país para viver um idealizado sonho americano. Acho esta solução deprimente. Não tenho remédio
para os problemas do Brasil, obviamente, mas não consigo me desfazer da impressão de que, talvez, se os brasileiros tivessem um
pouco mais orgulho da própria identidade, este país ficaria ainda mais incrível. Se há insatisfação, não faz mais sentido tentar
melhorar o sistema?
(Disponível em <http://www.pragmatismopolitico.com.br>. 14 mai. 2015. Adaptado.)
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(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
O infográfico a seguir faz uma comparação entre o espaço que três meios de transporte ocupam nas ruas para transportar
30 pessoas, para convencer as pessoas a reduzir o uso do automóvel.
Escreva um texto informativo fazendo uma comparação entre os três meios de transporte contemplados na imagem.
Seu texto deve:
- apresentar fatores positivos e negativos associados a cada um dos meios de transporte;
- usar informações do infográfico, apresentando-as com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto;
- ter de 10 a 12 linhas.
(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Leia abaixo um trecho da entrevista do físico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora.
Zero Hora — O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre “ética na ciência”. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre
o tema está repleta de pontos de interrogação. O texto é uma sucessão de perguntas difíceis. O senhor já chegou a alguma
resposta?
Gleiser — Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos símbolos mais poderosos sobre a questão da ética
na ciência. Esse romance, de força mítica profunda, diz que existem certas questões científicas que estão além do que os humanos
podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo — caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um
cadáver usando eletricidade — não significa que moralmente estejamos prontos para fazê-lo. Você me pergunta se eu tenho
respostas. O que a gente está tentando é começar a fazer as perguntas certas. Porque só quando se faz as perguntas certas é
possível começar a encontrar algumas respostas.
ZH — E estamos prontos para chegar a essas respostas?
Gleiser — A questão em que você está interessado é se temos maturidade moral para decidir. E a resposta é simplesmente a
seguinte: não. Não temos maturidade moral para certas questões. Mas isso não significa que a gente não deva fazer a pesquisa.
Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde estão guardados todos os males do mundo, e se você abre a Caixa de Pandora tudo
escapa. As pessoas veem a ciência como um tipo de Caixa de Pandora: “Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas
sérios e depois a sociedade fica à mercê de avanços sobre os quais não temos controle”. Na verdade, não é nada disso. A ciência
tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questões sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos
especiais. Por exemplo, a questão da clonagem humana. Para mim, essa é uma das áreas que deveriam ser controladas com muito
cuidado.
ZH — Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer?
Gleiser — Essa é a grande questão. Quem decide o que pode e o que não pode? Quem tem o direito de decidir por todas as
pessoas? Acho que deveria haver uma aliança entre o Judiciário e um corpo de cientistas escolhido por órgãos do governo para
estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida.
(Zero Hora.13 out 2013.)
Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto.
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(UFPR - 2015 - 2ª FASE)
Considere o seguinte texto:
Um inadiável acerto de contas com a Mãe Terra
A encíclica do Papa Francisco sobre “O cuidado da Casa Comum” (Laudato Si) está sendo vista como a encíclica “verde”,
semelhantemente como quando dizemos economia “verde”. Eis aqui um grande equívoco. Ela não quer ser apenas “verde”, mas
também propor a ecologia “integral”.
Na verdade, o Papa deu um salto teórico da maior relevância ao ir além do ambientalismo verde e pensar a ecologia numa
perspectiva holística, que inclui o ambiental, o social, o político, o educacional, o cotidiano e o espiritual. Ele se coloca no coração
do novo paradigma, segundo o qual cada ser possui valor intrínseco, mas está sempre em relação com tudo, formando uma imensa
rede, como aliás o diz exemplarmente a Carta da Terra.
Em outras palavras, trata-se de superar o paradigma da modernidade. Este coloca o ser humano fora da natureza e acima
dela, como “seu mestre e dono” (Descartes), imaginando que ela não possui nenhum outro sentido senão quando posta a serviço
do ser humano, que pode explorá-la a seu bel-prazer. Esse paradigma subjaz à tecnociência, que tantos benefícios nos trouxe, mas
que simultaneamente gestou a atual crise ecológica, pela sistemática pilhagem de seus bens naturais.
E o fez com tal voracidade que ultrapassou os principais limites intransponíveis (a sobrecarga da Terra). Uma vez transpostos,
colocam em risco as bases físico-químico-energéticas que sustentam a vida (clima, água, solos e biodiversidade, entre outros). É
hora de se fazer um ajuste de contas com a Mãe Terra: ou redefinimos uma nova relação mais cooperativa para com ela, e assim
garantimos a nossa sobrevivência, ou conheceremos um colapso planetário.
O Papa inteligentemente se deu conta dessa possibilidade. Daí que sua encíclica se dirige a toda a humanidade e não apenas
aos cristãos. Tem como propósito fundamental cobrar um novo estilo de vida e uma verdadeira “conversão ecológica”. Esta implica
um novo modo de produção e de consumo, respeitando os ritmos e os limites da natureza também em consideração das futuras
gerações às quais igualmente pertence a Terra. Isso está implícito no novo paradigma ecológico.
Como temos a ver com um problema global que afeta indistintamente a todos, todos são convocados a dar a sua contribuição:
cada país, cada instituição, cada saber, cada pessoa e, no caso, cada religião.
Assevera claramente que “devemos buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo
cuidado da criação” (Carta do Papa Francisco de 6/08/2015). Observe-se a expressão “paixão pelo cuidado da criação”. Não se trata
de uma reflexão ou algum empenho meramente racional, mas de algo mais radical, “uma paixão”. Invoca-se aqui a razão sensível
e emocional. É ela e não simplesmente a razão que nos fará tomar decisões, nos impulsionará a agir com paixão e de modo inovador,
consoante a urgência da atual crise ecológica mundial.
O Papa tem consciência de que o cristianismo (e a Igreja) não está isento de culpa por termos chegado a esta situação
dramática. Durante séculos pregou-se um Deus sem o mundo, o que propiciou o surgimento de um mundo sem Deus. Não entrava
em nenhuma catequese o mandato divino, claramente assinalado no segundo capítulo do Genesis, de “cultivar e cuidar o jardim do
Éden”. Pelo contrário, o conhecido historiador norte-americano Lynn White Jr., ainda em 1967, acusou o judeu-cristianismo, com
sua doutrina do domínio do ser humano sobre a criação, como o fator principal da crise ecológica. Exagerou, como a crítica tem
mostrado. Mas, de todo modo, suscitou a questão do estreito vínculo entre a interpretação comum sobre o senhorio do ser humano
sobre todas as coisas e a devastação da Terra, o que reforçou o projeto de dominação dos modernos sobre a natureza.
O Papa opera em sua encíclica uma vigorosa crítica ao antropocentrismo dessa interpretação. Entretanto, na carta de
instauração do dia de oração, com humildade suplica a Deus “misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que
vivemos”. Volta a referir-se a São Francisco, com seu amor cósmico e respeito pela criação, o verdadeiro antecipador daquilo que
devemos viver nos dias atuais.
(BOFF, Leonardo. Em <http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/09/06/um-inadiavel-acerto-de-contas-com-a-mae-terra/>. Acesso em 14 set 2015. Adaptado.)
● Elabore um resumo desse texto, de 09 a 12 linhas, respeitando as características do gênero textual.
● Apresente a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justificá-la.
● Escreva com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto.
(UEM - 2015)
"A palavra serve para comunicar e interagir. E também para criar literatura, isto é, criar arte, provocar emoções, produzir efeitos estéticos."
Português: linguagens: volume 1: ensino médio / William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 5.ed. – São Paulo: Atal, 2005. p. 27.
A partir da definição de Willian Cereja (Coleção Português - Linguagens), pode-se afirmar que a linguagem literária:
Ver questão
(MACKENZIE - 2015) A expulsão da Companhia de Jesus de todos os territórios portugueses, em 1759, foi uma das medidas mais polêmicas tomadas por Pombal. Em geral, as justificativas para esse ato são a total incompatibilidade entre o controle das práticas pedagógicas adotadas pelos jesuítas e o projeto educacional iluminista pombalino. Todavia, é importante assinalar que tal expulsão também está relacionada
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(UERJ - 2015)
O ARRASTÃO
Estarrecedor, nefando, inominável, infame. Gasto logo os adjetivos porque eles fracassam em dizer o sentimento que os fatos impõem. Uma trabalhadora brasileira, descendente de escravos, como tantos, que cuida de quatro filhos e quatro sobrinhos, que parte para o trabalho às quatro e meia das manhãs de todas as semanas, que administra com o marido um ganho de mil e seiscentos reais, que paga pontualmente seus carnês, como milhões de trabalhadores brasileiros, é baleada em circunstâncias não esclarecidas no Morro da Congonha e, levada como carga no porta-malas de um carro policial a pretexto de ser atendida, é arrastada à morte, a céu aberto, pelo asfalto do Rio.
Não vou me deter nas versões apresentadas pelos advogados dos policiais.1Todas as vozes terão que ser ouvidas, e com muita atenção à voz daqueles que nunca são ouvidos. Mas, antes das versões, o fato é que esse porta-malas, ao se abrir fora do script, escancarou um real que está acostumado a existir na sombra.
O marido de Cláudia Silva Ferreira disse que, se o porta-malas não se abrisse como abriu (por obra do acaso, dos deuses, do diabo), esse seria apenas “mais um caso”. 2Ele está dizendo: seria uma morte anônima, 3aplainada pela surdez da 4praxe, pela invisibilidade, uma morte não questionada, como tantas outras.
5É uma imagem verdadeiramente surreal, não porque esteja fora da realidade, mas porque destampa, por um “acaso objetivo” (a expressão era usada pelos 6surrealistas), uma cena 7recalcada da consciência nacional, com tudo o que tem de violência naturalizada e corriqueira, tratamento degradante dado aos pobres, estupidez elevada ao cúmulo, ignorância bruta transformada em trapalhada 8transcendental, além de um índice grotesco de métodos de camuflagem e desaparição de pessoas. 9Pois assim como 10Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e não faz muito tempo, Cláudia é aquela que subitamente salta à vista, e ambos soam, queira-se ou não, como o verso e o reverso do mesmo.
O acaso da queda de Cláudia dá a ver algo do que não pudemos ver no caso do desaparecimento de Amarildo. A sua passagem meteórica pela tela é um desfile do carnaval de horror que escondemos. 11Aquele carro é o carro alegórico de um Brasil, de um certo Brasil que temos que lutar para que não se transforme no carro alegórico do Brasil.
José Miguel Wisnik
Adaptado de oglobo.globo.com, 22/03/2014.
3 aplainada − nivelada
4 praxe − prática, hábito
6 surrealistas − participantes de movimento artístico do século 20 que enfatiza o papel do inconsciente
7 recalcada − fortemente reprimida
8 transcendental − que supera todos os limites
10 Amarildo − pedreiro desaparecido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 2013, depois de ser detido por policiais
Aquele carro é o carro alegórico de um Brasil, de um certo Brasil que temos que lutar para que não se transforme no carro alegórico do Brasil. (ref. 11)
A sequência do emprego dos artigos em “de um Brasil” e “do Brasil” representa uma relação de sentido entre as duas expressões, intimamente ligada a uma preocupação social por parte do autor do texto.
Essa relação de sentido pode ser definida como:
(UECE - 2015)
A garagem de casa
1Com o portão enguiçado, e num 2convite a 3ladrões de livros, a 4garagem de casa lembra uma biblioteca pública permanentemente aberta para a rua. 5Mas não são 6adeptos de literatura 7os indivíduos que ali se abrigam da chuva ou do sol a pino de verão. 8Esses desocupados 9matam o tempo jogando porrinha, ou lendo os jornais velhos que mamãe amontoa num canto, sentados nos degraus do escadote com que ela alcança as prateleiras altas. 10Já quando fazem o obséquio de me liberar o espaço, de tempos em tempos entro para olhar as estantes onde há de tudo um pouco, em boa parte remessas de editores estrangeiros que têm apreço pelo meu pai. 11Num reduto de literatura tão sortida, como bem sabem os habitués de sebos, fascina a perspectiva de por puro acaso dar com um livro bom. 12Ou by serendipity, como dizem os ingleses quando na caça a um tesouro se tem a felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda. Hoje revejo na mesma prateleira velhos conhecidos, algumas dezenas de livros turcos, ou búlgaros ou húngaros, que papai é capaz de um dia querer destrinchar. Também continua em evidência o livro do poeta romeno Eminescu, que papai ao menos 13tentou ler, como é fácil inferir das folhas cortadas a espátula. Há uma edição em alfabeto árabe das Mil e Uma Noites que ele não 14leu, mas cujas ilustrações 15admirou longamente, como denunciam os filetes de cinzas na junção das suas páginas coloridas. Hoje tenho experiência para saber quantas vezes meu pai 16leu um mesmo livro, posso quase medir quantos minutos ele se 17deteve em cada página. 18E não costumo perder tempo com livros que ele nem sequer 19abriu, entre os quais uns poucos eleitos que mamãe 20teve o capricho de empilhar numa ponta de prateleira, confiando numa futura redenção. Muitas vezes a vi de manhãzinha compadecida dos livros estatelados no escritório, com especial carinho pelos que trazem a foto do autor na capa e que papai despreza: parece disco de cantor de rádio.
(Chico Buarque. O irmão alemão. 1 ed. São Paulo. Companhia das letras. 2014. p. 60-61.
Texto adaptado com o acréscimo do título.)
A obra O irmão alemão, último livro de Chico Buarque de Holanda, tem como móvel da narrativa a existência de um desconhecido irmão alemão, fruto de uma aventura amorosa que o pai dele, Sérgio Buarque de Holanda, tivera com uma alemã, lá pelo final da década de 30 do século passado. Exatamente quando Hitler ascende ao poder na Alemanha. Esse fato é real: o jornalista, historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na época, solteiro, deixou esse filho na Alemanha. Na família, no entanto, não se falava no assunto. Chico teve, por acaso, conhecimento dessa aventura do pai em uma reunião na casa de Manuel Bandeira, por comentário feito pelo próprio Bandeira.
Foi em torno da pretensa busca desse pretenso irmão que Chico Buarque desenvolveu sua narrativa ficcional, o seu romance.
Sobre a obra, diz Fernando de Barros e Silva: “o que o leitor tem em mãos [...] não é um relato histórico. Realidade e ficção estão aqui entranhadas numa narrativa que embaralha sem cessar memória biográfica e ficção”.
Considere a expressão “a garagem de casa” (ref. 4) e o que se diz sobre ela.
I. O emprego do vocábulo casa sem a determinação do artigo definido, como acontece no texto, indica que a casa é da pessoa que fala.
II. A introdução do artigo definido antes do substantivo casa – garagem da casa – indicaria não só que o falante não é o proprietário da casa, ou pelo menos não a habita, mas também que o referente casa, representado no texto pelo vocábulo casa, já aparecera no texto, portanto não seria novo para o leitor.
III. A introdução do artigo indefinido um antes do substantivo casa – garagem de uma casa – indicaria que o referente casa, representado pelo vocábulo casa, ainda não aparecera no texto, portanto seria novo para o leitor.
Está correto o que se diz em
Ver questão