(Pucsp 2007) O teatro de Gil Vicente caracteriza-se por ser fundamentalmente popular. E essa característica manifesta-se, particularmente, em sua linguagem poética, como ocorre no trecho a seguir, de "O Auto da Barca do Inferno".
Ó Cavaleiros de Deus,
A vós estou esperando,
Que morrestes pelejando
Por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo o mal,
Mártires da Madre Igreja,
Que quem morre em tal peleja
Merece paz eternal.
No texto, fala final do Anjo, temos no conjunto dos versos
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(Pucsp 2007) Considerando a peça "Auto da Barca do Inferno" como um todo, indique a alternativa que melhor se adapta à proposta do teatro vicentino.
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(UECE-2007)
A PEDREIRA
Daí à pedreira, restavam apenas uns cinqüenta passos e o chão era já todo coberto por uma farinha de pedra moída que sujava como a cal.
Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores, uns ao sol, outros debaixo de pequenas barracas feitas de lona ou de folha de palmeira. De um lado cunhavam pedra cantando; de outro a quebravam a picareta; de outro afeiçoavam lajedos a ponta de picão; mais adiante faziam paralelepípedos a escopro e macete. E todo aquele retintim de ferramentas, e o martelar da forja, e o corpo dos que lá em cima brocavam a rocha para lançar-lhe fogo, e a surda zoada ao longe, que vinha do cortiço, como de uma aldeia alarmada; tudo dava a idéia de uma atividade feroz, de uma luta de vingança e de ódio. Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios revoltados na sua impotência contra o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito. O membrudo cavouqueiro havia chegado à fralda do orgulhoso monstro de pedra; tinha-o cara a cara, mediu-o de alto a baixo, arrogante, num desafio surdo.
A pedreira mostrava nesse ponto de vista o seu lado mais imponente. Descomposta, com o escalavrado flanco exposto ao sol, erguia-se altaneira e desassombrada, afrontando o céu, muito íngreme, lisa, escaldante e cheia de cordas que, mesquinhamente, lhe escorriam pela ciclópica nudez com um efeito de teias de aranha. Em certos lugares, muito alto do chão, lhe haviam espetado alfinetes de ferro, amparando, sobre um precipício, miseráveis tábuas que, vistas cá de baixo, pareciam palitos, mas em cima das quais uns atrevidos pigmeus de forma humana equilibravamse, desfechando golpes de picareta contra o gigante.
(AZEVEDO, Aluísio de. O Cortiço. 25a ed. São Paulo. Ática, 1992, 48-49)
Marque a alternativa na qual o sufixo eiro/eira está empregado com o mesmo sentido que em “pedreira” (linha 01).
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(UFRGS - 2007)
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir sobre a Literatura de Informação no Brasil.
( ) A carta de Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei D. Manuel I, circulou amplamente entre a nobreza e o povo português da época.
( ) Os textos informativos apresentavam, em geral, uma estrutura narrativa, pois esta se adaptava melhor aos objetivos dos autores de falar das coisas que viam.
( ) Os textos que informavam sobre o Novo Mundo despertavam grande curiosidade entre o público europeu, estando os de Américo Vespúcio entre os mais divulgados no início do século XVI.
( ) Pero de Magalhães Gandavo é o autor dos textos "Tratado da Terra do Brasil" e "História da Província Santa Cruz a que Vulgarmente chamamos de Brasil".
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(UNIFESP-2007)
Leia "Entrevista" de Adélia Prado, em O coração disparado:
Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Uma das maravilhas da criação eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara: o destino do homem é a santidade.
Em discurso indireto, os dois primeiros versos assumem a seguinte forma:
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(FUVEST - 2007 - 1a fase)
O anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava banhos intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face.
Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho vermelho ela era toda pálida e suave.
Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido, todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada, e eu. Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. “Muito!”, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si mesma, com um ar sonhador.
Rubem Braga, “A mulher que ia navegar”.
“‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”
Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma verbal correspondente a “gostara” seria
(FGV - SP-2007)
Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal tão bom.
Se tivesse vindo com eles, transportaria a bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria alimento verde. Infelizmente pertencia ao fazendeiro – e definhava, sem ter quem lhe desse a ração.
Ia morrer o amigo, lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando,os bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paciência, comeriam tranquilamente a carniça. Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.
– Pestes.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
O discurso indireto livre está presente nesse fragmento de texto. Um exemplo dele está na alternativa:
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(FGV - SP-2007)
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica.
A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake* sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos,sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra".Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
(Rubem Alves. A complicada arte de ver. Folha de S.Paulo, 26.10.2004)
* William Blake (1757-1827) foi poeta romântico, pintor e gravador inglês. Autor dos livros de poemas Song of Innocence e Gates of Paradise.
No último parágrafo do texto há um exemplo de discurso
(UFRGS - 2007)
Leia o seguinte soneto de Gregório de Matos.
Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino, e tão lento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.
O mal, que fora encubro, ou me desminto,
Dentro no coração é que o sustento:
Com que, para penar é sentimento,
Para não se entender, é labirinto.
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.
Mas oh do meu segredo alto conceito!
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro no peito.
Considere as seguintes afirmações.
I - O poema é um exemplo da poesia satírica de Gregório de Matos, a qual lhe valeu a alcunha de "Boca do Inferno", por escarnecer de pessoas, situações e costumes de seu tempo.
II - Na segunda estrofe, o poema expressa a oposição entre essência e aparência, sustentando que o sofrimento é ocultado aos olhos do mundo.
III - Segundo as duas últimas estrofes do poema, a opção pelo silêncio com relação à dor e às angústias internas contrapõe-se aos ruídos da natureza.
Quais estão corretas?
(FUVEST - 2007 - 1a fase) Leia:
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava.
Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no último "Quarto de Badulaques". Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em "varreção" - do verbo "varrer".
De fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação.
Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário (...). O certo é "varrição", e não "varreção". Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de "varrição". E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário (...).
Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala "varreção", quando não "barreção".
O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.
Rubem Alves http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques
"Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado."
Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor, a
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